terça-feira, 23 de junho de 2009

Acostumada a fazer mocinhas, Miriam Freeland reconhece: “Não dá para ser a Julieta para sempre”

Desde que começou a se preparar para interpretar a jornalista Lígia em “Poder Paralelo”, Miriam Freeland mudou sua relação com a imprensa. E nunca mais leu um jornal, assistiu a uma entrevista ou a um programa jornalístico da mesma forma. “Achava que, para uma entrevista, bastava pegar um caderninho, uma caneta e sair perguntando. Há uma preparação para esse momento. É um olhar menos ingênuo, de entender que, por trás daquilo, há um pensamento, um objetivo”, avalia Miriam F.
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E foi justamente ao perceber – depois de ler vários livros e acompanhar um dia em uma redação – o olhar de um repórter para o mundo, que a atriz entendeu a lógica da personagem. “Tem o lado feminino, mas ao mesmo tempo tem a força, a clareza, uma seriedade com a carreira, a ética…”, ensina.

Na trama de Lauro César Muniz, Lígia é a ousada repórter da revista “Grafos”, que já no início da história envolveu-se com o enigmático Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes). Mas a jornalista acaba confundindo o lado profissional – de ter de investigá-lo – com o emocional, já que vive um tórrido romance com o personagem, que até hoje dá pistas ora de ser da máfia, ora de ser da polícia.

“É um universo que me encanta, que jamais pensei ver de perto. Conhecendo a força da máfia, decidi que nunca mais compro um tênis baratinho”, diverte-se ela, que no início da história protagonizava cenas para lá de sensuais. Com a reclassificação da trama de 12 para 14 anos, porém, o casal agora limita-se a fechar a porta do quarto para dar pistas de que a coisa “pega fogo”. Daí a discussão em torno do porquê da novela ter várias cenas cortadas. “Normalmente, há uma clipagem geral dos capítulos. Mas como o tema central, a violência, é pesado, talvez eles tenham segurado a mão. Mas não penso nisso, sou muito cuca-fresca nesse sentido”, pondera.

Acostumada a viver personagens frágeis e românticas desde o início da carreira, em “A Viagem”, de 1994, Miriam acredita que a maturidade – ela acaba de completar 30 anos – acabou lhe trazendo tipos mais fortes. Desde que interpretou a destemida Pagu na minissérie “Um Só Coração”, seu último trabalho na Globo, ela foi para a Record e, com exceção da sonhadora Emília de “Essas Mulheres”, passou a colecionar mulheres corajosas. Ela foi a vilã Ruth de “Bicho do Mato”, depois caiu “de paraquedas” em “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, como uma delegada, até ser convidada para viver a protagonista da densa trama de Muniz.

“Não dá para ser a Julieta para sempre. A gente vai ficando velha… Mas considero o mapa das minhas personagens bem variado”, avalia ela, sem esconder sua preferência por tramas de época. “Adoro fazer época e acho papéis contemporâneos mais difíceis. O naturalismo para mim é complicado, porque venho do teatro, tenho outra pegada”, acredita.

Contratada pela Record até outubro, Miriam conta que não se preocupa com a renovação, que ela acredita que virá naturalmente. “Costumo fazer de dois em dois anos, para sempre haver conversa com a emissora”, diz. Em cartaz no Rio de Janeiro ao lado do marido, o diretor Roberto Bomtempo, com a peça “Espia Uma Mulher que Se Mata”, ela conta que tem o projeto de transformá-la em filme.

Miriam também pretende produzir o longa “Mão na Luva”, baseado na obra de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, até o fim do ano. É o pontapé para sua carreira no cinema, que ela não entende por que ainda não decolou. “Já fiz vários testes, mas nunca passei. O cinema começou a trabalhar essa coisa de ‘não ator’ de uns tempos para cá. Para fazer um filme, ou você é um figurão, como a Fernanda Montenegro, ou é o Zezinho da rua. Fico meio triste com isso”, reclama.

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