terça-feira, 21 de abril de 2009

"A ideia de que ator tem sempre de agradar me incomoda muito", revela Gabriel Braga Nunes

Direto, articulado, aparentemente seguro e sem papas na língua, Gabriel Braga Nunes parece saber muito bem o que quer. O ator, que vive o Tony Castellamare em "Poder Paralelo", afirma sem pestanejar - e com indisfarçável orgulho - que sempre procurou direcionar sua carreira para personagens que o interessam de verdade. "Gosto de conduzir minha história, de poder tomar decisões e saber o que é melhor para mim em cada momento", pontua. Não à toa, ele nem hesitou em emendar seu último trabalho - o Taveira de "Os Mutantes - Caminhos do Coração" - com a nova trama da Record. Afinal, o personagem carrega uma boa dose de dubiedade, a ponto de nem seu intérprete arriscar um palpite. "A dúvida é a essência do personagem. Herói ou bandido? Mocinho ou vilão? Nem eu sei quem ele é", jura.
Na trama, Tony é um poderoso comerciante de azeites e vinhos, casado e feliz com sua vida na Itália. Tudo muda quando ele se torna alvo de um atentado que, por engano, acaba vitimando sua mulher, a Condessa Marina (Daniela Galli), e suas duas filhas gêmeas. "Ele fica só com o filho pequeno. É quando ele vem para o Brasil e jura vingança", adianta. A trama do personagem se confunde ainda mais porque Tony é de uma família de mafiosos, mas em vários momentos parece estar ao lado da polícia, contra o crime organizado. Isso sem falar no seu envolvimento com política, com o Poder Judiciário... E por aí vai. "Ao longo da história, várias suspeitas vão cair sobre ele", despista.

Com ar de mistério, Gabriel garante a todo momento não conhecer a verdadeira face do personagem e fala com entusiasmo dos mocinhos que viveu, como o Fernando, de "Essas Mulheres", e o Antônio, de "Cidadão Brasileiro". "Estou na Record há cinco anos e começando minha quinta novela consecutiva aqui. Tenho muito orgulho do papel que desempenho, com personagens diferentes e interessantes", valoriza, destacando a importância de "Essas Mulheres" na sua carreira. "Essa novela quebrou preconceitos e gerou nas pessoas vontade de vir trabalhar aqui", acredita.

Mas a escassez de heróis na carreira do paulistano chega a ser curiosa. Apesar dos olhos e cabelos claros e traços de "bom moço", o ator de 37 anos está para lá de acostumado a dar vida a malfeitores. Depois de estrear na TV em 1996, como o vilão da trama "Razão de Viver", do SBT, e atuar no ano seguinte em "Por Amor e Ódio", da Record, Gabriel ganhou destaque como o "bad boy" Olavinho, de "Anjo Mau", sua primeira trama na Globo. E parece ter convencido na pele de tipos nada ortodoxos, já que colecionou vilões, como o adúltero Augusto de "Terra Nostra", o vampirão Victor, de "O Beijo do Vampiro" e o delegado Taveira, que também virou vampiro na saga "Caminhos do Coração". "Acredito muito no fato de que se você acerta em alguma coisa, o mercado tende a te repetir naquilo que já deu certo", arrisca o filho da atriz Regina Braga e do diretor Celso Nunes.

Contratado até o final da trama - e avesso a longos compromissos profissionais, "O contrato mais longo que tive minha vida inteira foi o de quatro anos na universidade. Gosto de preservar meu poder de decisão, dou bastante valor a isso" -, Gabriel acalenta o sonho de criar uma companhia de teatro. Sua ideia é produzir espetáculos de todos os tipos - inclusive musicais, já que integrava uma banda de rock na adolescência. "Quero voltar às minhas origens de Unicamp e repetir parcerias para construir um corpo estável de criação", avisa ele, conhecido por sua aversão à ideia de celebridade constantemente associada à sua profissão. "É fascinante o poder de infiltração social da TV, de poder se comunicar com muitas pessoas de muitos lugares ao mesmo tempo. Mas a ideia de que ator tem sempre de agradar me incomoda muito. Ser celebridade vai contra a profissão", enfatiza.



Fonte: Uol Televisão.

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