quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Entre tiroteios, "A Lei e o Crime" ganha trama de romance

Os brutos também amam - ainda que não com o mesmo romantismo que se espera de um casal de folhetim. É mais ou menos essa a idéia por trás das cenas quentes entre Nando e Lacraia no seriado "A Lei e O Crime". Vividos por Ângelo Paes Leme e Aline Borges, os dois têm uma discussão no melhor estilo "gato e rato", na qual a bandida faz as vezes de caçadora. "A Lacraia é completamente apaixonada por esse homem. E é difícil, porque temos de passar todo esse tesão para o público", explica a atriz, que nunca tinha feito gravações sensuais.Para Aline, o estilo de gravação adotado para o seriado é um problema a mais. Diferentemente das novelas, que têm diversas câmeras à disposição para agilizar o trabalho, em "A Lei e O Crime" os diretores utilizam apenas um equipamento. "Desde a captação, é um processo bem mais artesanal. É como cinema", resume o diretor-geral da trama, Alexandre Avancini. Tradução: é necessário muito mais paciência para um dia de trabalho. Cada tomada e cada close forçam a mudança da posição da câmera - e representam uma boa quantidade de tempo gasta na adequação da iluminação e do foco. Afinal, as gravações são feitas com a Viper FilmStream, equipamento de alta definição que precisa de profissionais especializados até para fazer o foco com ela. "Em um dia de gravação de novela, por exemplo, eu faço 20 cenas. No seriado, faço oito no máximo. Às vezes, são apenas quatro cenas por dia", compara Avancini.

Por isso, toda concentração é fundamental nos bastidores. Acostumado com a rotina de cinema, Ângelo Paes Leme até que não precisou de muito tempo para se adaptar ao estilo mais lento do seriado. Ainda assim, reconhece que é preciso uma boa dose de paciência para que o trabalho fique benfeito. "Mas isso é bom. A gente tem um tempo maior para fazer cada cena. Para o ator, é muito proveitoso", garante ele, que precisou ensaiar exaustivamente o momento em que Nando cede às investidas da companheira de crime. "Essa cena precisa de muitas marcações importantes. Em alguns momentos, as ações de aproximação, de medo e de desejo falam mais que o texto e isso precisa aparecer", pondera.

O resultado é um jogo de sedução que mais parece um ritual de acasalamento coreografado. Depois de preparar uma refeição para o chefe do bando, Lacraia começa a preparar o bote para Nando, avisando que não é para qualquer homem que ela abaixaria a cabeça. Sem entender as insinuações, o bandido começa a ironizar a "marra" da subordinada - irritando a moça o suficiente para fazê-la levantar o fuzil em sua direção. "Calma, estou só brincando. Abaixa
isso", diz ele, tenso. Aproveitando a deixa, Lacraia começa a ser mais direta na abordagem. "Por que você acha que uma mulher rala a mão na cozinha para agradar um homem?", pergunta a personagem antes de se aproximar do chefe e beijá-lo.

O "ataque" até que demora a fazer efeito - afinal, desde o primeiro episódio Nando é mostrado como um homem apaixonado pela esposa, Olímpia, vivida por Raquel Nunes. Mas basta a companheira de crime dizer que não vai atrapalhar sua vida quando ele estiver com a "mulher oficial" para Nando agarrar a moça cheio de disposição. "Ele ama a mulher
sim, mas nesse momento não pode ficar perto dela por estar escondido no morro. Por isso acaba aceitando a irresistível Lacraia", valoriza Ângelo.

No intervalo para mais um ajuste da câmera, a maquiadora Vanessa Maia aproveita para borrifar mais água no rosto de Aline, imitando o efeito de um rosto suado. "Na cena, é como se estivesse um tempo quente. Ela cozinhou, tem de estar suada", justifica.

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